KISANJI, QUISSANGE OU TYITANZI, para nós... os que já esqueceram
Instrumento Musical de Carlos Alberto Santos, adquirido no Alto Chicapa, Angola, 1972
(Um texto de Filomena Gomes Camacho, poetisa)
A música é uma arte ligada de forma bastante profunda à cultura de muitos povos, chegando mesmo a fazer parte intrínseca de suas vidas. A música tem a sua prática desde a pré-historia. Os sons da natureza talvez tenham, de certa forma, despertado no homem, a vontade ou necessidade de exteriorizar os sentimentos ou estados de alma com manifestações sonoras. Não existem civilizações ou agrupamentos que não possuam seus próprios ritmos e até mesmo seus próprios instrumentos musicais.
Nesta minha dissertação sobre música e instrumentos musicais elejo, mais uma vez, Angola, com O KISANJi, QUISSANGE OU TYITANZI, por ser um instrumento aborígene daquele Pais. O fabrico do Kisanji não é dispendioso e o seu transporte é leve. É um companheiro, sempre à mão, nas longas caminhadas…o confidente de aflições, de desejos recalcados, da solidão, da saudade… Este instrumento também é usado como música de fundo nas conversas à volta da fogueira. O som do kisanji parece lúgubre, mas suas notas ecoam fluídas.
Em muitos outros Países Africanos existem réplicas, deste instrumento, com bastante similaridade mas com certas diferenças no seu uso e no fabrico. Na África Central e no Congo é chamado de sansa e apenas fabricado com sete lamelas, e colocado numa caixa de ressonância. Em Moçambique é chamado de mbira. Construído por um pedaço de tábua e com uma fileira de quinze lamelas, na parte superior, e sete na parte inferior. Para amplificação do som a mbira é colocada dentro de uma cabaça. Em Uganda é chamado de kalimba ou karimba. Nos Camarões de mamgabeu. Na Serra Leoa por kondi. No Zimbabué por likembe, budongo, mbila e por mbira .
A influência africana espalhada no Brasil - pelos escravos Angolanos – também levou o kisanji, conhecido pelos Brasileiros por mbira.
No ano de 2011, pelo desfile das Misses de Angola, foi escolhido, o kisanji, para representar o património cultural nacional tendo feito ecoar seus acordes durante o desenrolar daquele evento.
Filomena Gomes Camacho.