Troço ferroviário Munhango-Luena
Luena – A reabilitação do troço ferroviário entre Munhango (Bié) e o Luau (Moxico) iniciou-se esta semana com a preparação da base para aplicação dos carris - constatou a Angop.
Iniciada na localidade de Chicala, 35 quilómetros da cidade do Luena, a empreitada envolve 300 técnicos chineses e igual número de jovens angolanos que manejam máquinas e camiões basculantes para remoção da antiga brita e arrumação de uma nova base de terra.
O chefe da empreiteira chinesa "CR-20", Zhang Li Jun, disse à Angop que até Maio de 2010 será concluída a reposição dos carris e o primeiro comboio poderá chegar ao Luena, para, no final do mesmo ano, atingir a estação do Luau, município angolano fronteiriço a República Democrática do Congo.
O responsável da empresa encarregue da reabilitação dos 500 quilómetros do troço Munhango – Luau, do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), adiantou que o comboio inaugural de passageiros de Lobito até Luau só acontecerá em 2011.
Disse que este trabalho foi antecedido, desde Setembro de 2008 até Janeiro último, da remoção dos antigos carris e brita em alguns troços, montagem da fábrica de travessas metálicas e produção de brita (na comuna de Liangongo, município do Léua), construção de estaleiros e abertura de picada ao longo do caminho-de-ferro.
O supervisor provincial do Instituto Nacional de Desminagem (INAD) no Moxico, Manuel Adolfo Tchipaca “Dodó”, disse que os trabalhos para a remoção de minas e outras armadilhas explosivas no trilho estão avançados, apesar de algumas dificuldades de carácter técnico, principalmente nesta época chuvosa.
As equipas de sapadores do INAD e da Brigada de Engenharia das Forças Armadas Angolanas (FAA) estão empenhadas na remoção das minas e outros engenhos não detonados para garantir a execução da empreitada - sublinhou.
O Governo angolano investiu um bilião e 800 milhões de dólares na reparação do troço ferroviário, que contempla também a construção de pontes e 16 estações de comboios com capacidade de manuseio de mais 100 toneladas de carga por dia.
A aposta na reabilitação do CFB, segundo agentes económicos locais, vai impulsionar o desenvolvimento das regiões centro e leste do país, bem como fortificar a integração regional dentro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), pelo facto da linha ligar mais três países: (RD Congo, Zâmbia e Zimbabwé).
Com mil e 301 quilómetros, o CFB, com mais de 100 anos de existência, é a única ligação ferroviária da África Central ao Atlântico e a sua construção teve início a 01 de Março de 1903, com base em um decreto de Agosto de 1899 da autoridade colonial portuguesa. A linha ficou concluída a 02 de Fevereiro de 1929.
A 10 de Junho de 1931 chegou ao porto do Lobito o primeiro carregamento de cobre da Katanga. Em função do seu papel, as autoridades daqueles países já mostraram, inúmeras vezes, o interesse da reabilitação urgente do CFB.
Notícia Angop
Transcrita por Carlos Alberto Santos