Apesar da distância, desde o Porto e de outras regiões mais a norte, o nosso encontro de São Martinho de 2019, em Setúbal, foi iluminado por vários momentos e com motivos de interesse para diversas sensibilidades.
Um encontro de amigos é a melhor rede social e às vezes é só isto... quando menos se espera, aparece um daqueles momentos que nunca mais se esquece.
Começámos por uma visita ao Palácio da Quinta da Bacalhoa em Azeitão, a antiga Quinta de Vila Fresca, propriedade da Casa Real Portuguesa.
Com mais de 500 anos de história, entre modificações sucessivas, foi uma propriedade desejada por diferentes famílias.
A mais famosa quinta da região devido ao seu rico património de azulejos dos séculos XV e XVI, foi classificada pelo IPPAR em 1996 como Monumento Nacional. Atualmente, pertence à Fundação Berardo, os mesmos donos do Budah Eden, onde já estivemos em convívio.
O palácio restaurado e a coleção de obras de arte não deixaram ninguém indiferente.
Para completar o primeiro dia, o queijo surgiu com apontamentos de requinte.
Durante a visita à Quinta Velha Queijeira de Azeitão, participámos na produção de queijo, com leite de ovelha e flor de cardo, em vez de coalho, e onde também foi bom apreciar os bons produtos do nosso país, entre pão da região, o queijo fresco acabado de fazer, o queijo de Azeitão amanteigado, a compota caseira / chutney e o moscatel de Setúbal.
Na manhã do segundo dia a Vila de Sesimbra presenteou-nos com um mar calmo e azul, que parecia misturar-se com o céu.
Foi no ex-libris da região, o Castelo de Sesimbra, construído pelos mouros e conquistado no início do reino de Portugal, que nos deliciámos com uma envolvência magnífica sobre a vila e uma vista sobre o mar, de cortar a respiração. No seu interior, para além de um café e de um núcleo museológico com artefactos encontrados em todo o concelho de Sesimbra, há uma igreja marco da reconquista cristã de Dom Afonso Henriques, a Igreja de Nossa Senhora da Consolação, com um altar muito bonito e paredes revestidas a painéis de azulejos azuis e brancos, magníficos.
No entanto, ainda entre aquelas muralhas, um espetáculo triste… um cemitério num estado lastimável e desprezado.
Depois… a Serra da Arrábida com paisagens lindas entre pequenos miradouros para contemplar o estuário do rio sado, a tranquilidade das praias e a península de Troia.
Terminámos a manhã no afamado mercado do livramento entre peixe de excelência, frutas, legumes, paredes cobertas de azulejos, que retratam cenas da vida, da pesca e da agricultura, e a nossa animação bem na essência do nosso grupo de amigos.
A melhor forma de conhecer e visitar os pontos de interesse turístico na cidade de Setúbal foi andar a pé.
A Praça do Bocage, inserida na baixa, é o local mais central e obrigatório para se iniciar uma visita. A estátua, de Manuel Maria Barbosa du Bocage, poeta nascido em 1765, os Paços do Concelho e a Igreja de São Julião.
Depois foi o roteiro até à Casa museu Bocage, num bairro histórico, para descobrirmos o pensamento do poeta e a sua época. No percurso passámos pelo Museu do Trabalho e subimos ao miradouro virado ao mar e ao rio Sado.
A Casa Museu, um local de inspiração, de documentação histórica e literária acolheu-nos com bons momentos de leitura de poemas do poeta.
Um dos livros mais polémicos da literatura portuguesa, as “Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas”, de Bocage, é uma antologia poética que retrata a faceta mais excêntrica do poeta português.
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Seguiu-se um passeio pela avenida Luísa Todi, a mais célebre da cidade e um dos principais pontos turístico da cidade de Setúbal (homenageia a cantora lírica Luísa Todi nascida na cidade no séc. XVIII).
Depois de uma visita a uma exposição de pintura na Galeria de Pintura Quinhentista, fomos terminar o dia num restaurante local, com uma noite de fados, entre choco frito, castanhas e água-pé.
Ao terceiro dia, domingo, durante a partida em direção ao Castelo de Palmela a chuva foi a nossa companhia, mais exigente, nem D. Afonso Henriques, em 1147 o foi.
Chegados ao Castelo, que foi recuperado por D. Sancho I, a primeira vista, de cima das muralhas, é sobre a vila de Palmela e a sua igreja matriz. Mais à frente lá estavam Setúbal e Troia, igualmente lindas apesar da chuva. Do lado norte, o rio Tejo e a cidade de Lisboa.
Conta a história de Portugal: - Durante as invasões mouras, os soldados portugueses acendiam fogueiras no castelo sinalizando a invasão e consequentemente antecipavam a defesa da cidade de Lisboa.
Na reta final do nosso Encontro de São Martinho, regressámos a Lisboa, para antes do almoço no Parque das Nações, realizarmos uma visita panorâmica pela cidade, entre a Torre de Belém e a Baixa Pombalina.
Vídeo
Carlos Alberto Santos
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