Pai... apenas 3 letras
Alto Chicapa, 19.03.23
Não é preciso ser dia do Pai para ele estar comigo e eu com ele... o meu, o meu Pai!
O Marinho, como os amigos o tratavam, era pai aviador, quase o foi na vida real, mas o destino não quis, foi radiotelegrafista.
Às cavalitas, eu voava e viajava no mundo da vida e pelos caminhos que me apeteciam.
Com um sorriso no rosto, nunca me deixou ficar parado em obstáculos e nos perigos. Muitas vezes dizia, NÃO... o caminho é por aqui!
Era Pai avião, a sobrevoar os perigos da vida com decisões rápidas, tal como um piloto experiente em aterragem de emergência.
Quando for grande quero ser como o meu Pai!...
As brincadeiras, eram totais... iam até às patetices.
O meu, o meu Pai!... era a resposta pronta a todos os meus porquês, tinha um conhecimento infinito, tirado na Universidade da Vida... para não arreliar a minha mãe, até dizia: vieste de França no bico da cegonha!
Gostava de o ver a cantar o Fado à Carlos Ramos, seu colega de profissão, e de ouvir as histórias de adultos onde havia estórias para além da história.
Guardo-as como uma herança. Hoje, algumas são o motivo de risos entre amigos e familiares... as do meu avô paterno, sobrevivente na Batalha de La Lys, Primeira Guerra Mundial e a fuga de meses até chegar à Resistência em Paris, e as do meu pai, do final da Segunda Guerra Mundial, no posto avançado de defesa na Ilha da Madeira.
Pai, muito mais do que 3 letras... hoje, ainda procuro o seu conselho.
Carlos Alberto Santos