O nosso Manel Esteves, poeta e um bom contador de histórias... Em Cambatxilonda a última morada.
Os dias, todos iguais, seguiam a ordem do tempo, mas o ribombar do trovão na tarde abafada, seguido de outro maior que trazia o raio que partiu em três a antena “dipólo” (antena de longo alcance), instalada por mim entre o torreão e a caserna para os meus sitreps diários com o chicapa, marcou a diferença desse domingo no Cambatxilonda.
Como sempre tínhamos acordado aos primeiros beijos do sol, que nos trazia vida e acalmava o espírito e ao som da grafonola do Acácio Alves Pena, mais conhecido por “cóna”, alcunha que lhe ficou, por não ser capaz de acabar uma frase, sem por a “cóna” no meio. Presenteava-nos sempre com as mesmas duas canções, ao ponto de passados todos estes anos, ainda ter gravado na memória as repetitivas cantigas.
‘Inda o sol não mostra o dia, já nos troncos do choupal da velha estrada aldeã, o rouxinol desafia a toutinegra real que espera a luz da manhã.
Quando à linda luz do sol, ouço o meu amor cantar com sua voz feiticeira...
Carlos Alberto Santos