De passagem... pela Irlanda, a primeira impressão - Agosto 2019
A Irlanda, ainda a “Esmeralda da Europa”, é mágica e mítica. Bom, de verdade. A paisagem não mentia: - Os campos verdes, as casas baixas e um sol surpreendente eram visíveis do avião.
À nossa chegada, comentaram: - Trouxeram o sol de Portugal!
Foi uma viagem de sonho, que me encantou, pela simplicidade do acolhimento, pelo turismo real e pacato, pelas doces melodias, pelas danças de influência celta e únicas no género. Merecia mais um ou dois dias.
Num dia, entre as 4 estações do ano, revivi: - O meu compêndio de geografia, com as imagens da Calçada dos Gigantes, os filmes, sobre Vikings e as vivências de Velhos Lobos-do-mar nos Pubs e os livros clássicos de contos, inspirados em lendas ou duendes em penhascos perigosamente belos e, também, dos verdadeiros heróis da resistência. Há lendas para todos… sabiam que há um pote de ouro no fim do arco-íris irlandês?
É bom sair da rotina e envolver todos os sentidos para experimentar coisas novas, alimentos menos habituais e conviver com pessoas em culturas diferentes. Até os problemas, em viagem, que ninguém os quer, são os que, regra geral, dão as melhores histórias, aposto… é essa a história da viagem que todos estão a contar.
Temia-se um tempo chuvoso ou até invernoso, mas, na verdade, foi o sol que venceu por maioria relativa. Apesar de tudo, a aliança entre São Pedro e São Patrício, funcionou muito bem.
Este tipo de viagem, em circuito, por vários locais, apesar de cansativa, pelos 1823 km, mas percorridos em boas estradas largas e com as bermas muito bem tratadas, compensa sempre… cidades, monumentos, paisagens únicas e muitas histórias, algumas impensáveis… como, aquela, a da gargalhada… a afastar a chuva.
As paisagens maravilhosas lembraram-me os Açores. Por ali também cheira a pasto, com muitas vacas e ovelhas a dominarem o horizonte. Contudo, as casas, maioritariamente pequenas e de piso térreo, fazem lembrar mini mansões de brincar onde as janelas, sem portadas ou precianas, estão cuidadosamente enfeitadas com uma jarra, flores e cortinas brancas, bordadas à moda dos anos 80.
Em cima de tanta beleza, foram muitos os ambientes naturais visitados, desde fenómenos geológicos únicos a praias com vacas e pessoas, a montanhas e vales, a vilas rurais ou de pescadores e a monumentos em ruinas, embora visitáveis, desde as Abadias a Mosteiros, castelos românticos a palácios e igrejas a fortalezas.
Estive lá:
1- Em terras do Titanic, em Belfast, a capital da Irlanda do Norte. Lembrou-me Londres pelos cheiros, pelas bandeiras e, até, pela confusão urbanística de prédios muito altos e menos altos entre casas de um ou dois pisos. É incrível… como as nossas memórias aparecem certas e no momento!
2- Na Republica da Irlanda, em Dublin, a capital e a maior cidade da Irlanda. Como acontece em toda a ilha, a limpeza é bandeira. Não me lembro de ter visto caixotes para despejar muito ou pouco lixo, polícias e até seguranças. Os prédios são baixos e bonitos, bem preservados e num estilo incomparável, mesmo quando funcionam como Pubs. A propósito, vai um pint da Guinness?
3- No Passeio dos Gigantes ou Causeway, como é chamado. Um fenómeno geológico misterioso, talvez de uma erupção vulcânica, ao qual estão ligados mitos e variadas lendas. Imperdível.
4- Na Carrick-a-Rede, uma ponte de cordas, suspensa a 30 metros acima do nível do mar e com 20 metros de comprimento. Um grande desafio para alguns de nós. Terrível, dizia-me a senhora X, ainda em lágrimas… provavelmente tinha acabado de vencer o medo.
5- Na vila de Knock, no Condado de Mayo, no coração mariano da Irlanda. É um santuário de peregrinação católica e de oração a Nossa Senhora do Silêncio. A moderna construção apoiada em 32 pilares, para uma estrutura central e cinco capelas, é admirável, acolhedora e simples. O recinto inclui ainda a igreja inicial, uma capela recente e o Knock Folk Museum.
6- Em Kylemore, no Oeste da Irlanda, entre o lago Pollacappul e as montanhas de Connemara. Um notável castelo, originalmente construído em 1867, cheio de histórias e tragédias, novas técnicas de engenharia e experiencias agrícolas. É considerado um dos edifícios mais românticos da Irlanda.
7- Em Galway city. Uma cidade amuralhada que nasceu a partir de uma pequena comunidade de pescadores. Multidões… pela primeira vez. A localização e o porto natural ajudaram a um comércio bem-sucedido com Portugal.
8- Nas falésias de Moher, um local lindo e muito bem preservado a 214m acima do Oceano Atlântico Selvagem, há paisagens deslumbrantes.
9- Em Limerick, uma cidade importante da Republica Irlanda, onde se pratica o intercâmbio de estudantes. Aqui, fomos recebidos pela chuva. No centro histórico, foi-nos proporcionado uma visita à Catedral de Saint Mary’s e ao Castelo de King John’s do século XIII.
10- Em Portmagee, uma aldeia piscatória típica e muito colorida, que foi o ponto de partida para uma visita de barco às ilhas Skellig. Devido ao vento, ao mar agitado e a alguma prudência, não viajei. É um local rochoso, cheio de história, onde os monges conseguiam ser autossuficientes, e um habitat natural de muitas aves marinhas, como o papagaio-do-mar. Também, ali foram rodadas algumas cenas do último filme do Star Wars.
11- Em Cork, uma cidade universitária. Pareceu-me a cidade menos irlandesa e com menos alma. Visitámos a catedral Anglicana de São Fin Barre e o Castelo Celta e medieval de Cashel.
12- Em Kilkenny, uma cidade bastante acolhedora onde a simpatia das pessoas parece ser constante. É a cidade de duas famosas cervejas, a mais conhecida dá pelo nome Kilkenny e a outra, Smithwick. Com alguma chuva, ainda conseguimos explorar os jardins do castelo, as lojas das redondezas e algumas ruas.
Mais tarde, escrevo mais um pouco sobre estes locais e, também, publico algumas fotografias.
Hoje, depois de visitar a Irlanda, ainda não compreendo a razão por que não se promove este destino. Tem história, arquitetura, costa e muito mais… e em turismo de qualidade.
Apenas um reparo: - A manutenção das infraestruturas dos hotéis de 4*, que conhecemos na Irlanda, ou não existe ou é do quarto mundo. Mau.
Agradeço… os bons momentos, a excelência dos companheiros de viagem, a qualidade e a energia da guia, uma companhia e um doce, e ao Sr. Padre David pela coragem em acreditar num destino difícil, que só o é na cabeça das pessoas. Um “paraíso” na terra, a visitar, e acreditem: - Não é mais do mesmo ou ir “viajar” por “viajar”.
Carlos Alberto Santos