Uma breve apresentação.
Para quem não se lembra, o Fernando Cipriano, é um... amigo, foi um ex-camarada do Batalhão 3870.
Como muitos outros, foi roubado à Universidade e atirado para outras guerras, lá nas Lundas, no Moxico..., tal como nós.
Aqui fica o seu editorial.
A crise e a metafísica.
A existência de Deus é uma questão metafísica. É uma questão de fé, teleológica. A crise é igualmente uma questão do saber que está situada para além ou detrás do ser físico enquanto tal.
Ninguém sabe o que é a crise e quem é que lhe deu origem.
Todos sacodem a água do capote, mesmo que tenham as rédeas do poder há muitos e muitos anos. Ou seja, a culpa da crise é de todos e de ninguém em particular.
Como sempre a “culpa irá morrer solteira”.
Como é usual, é necessário arranjar uns bodes expiatórios, para que o sacrifício acalme a ira dos deuses.
É preciso o sangue da expiação, para que Mercúrio não nos continue a flagelar e a paz regresse a Olimpo.
Os PEC, o orçamento, os cortes nos salários, a autêntica “Divina Comédia”, que tem sido a discussão orçamental irão fazer com que os deuses nos perdoem das nossas insanidades.
Agora são os mercados, que servem de subterfúgio e que nasceram no período medieval e que nos trazem à ideia as pestes.
Ao que nos fazem acreditar são: os desempregados; os estudantes sem perspectivas e sem um ensino decente; os trabalhadores com salários mínimos; os trabalhadores precários; os sem abrigo; os pensionistas cujos rendimentos não chegam para os medicamentos; a pequena burguesia empresarial; os funcionários públicos; os trabalhadores com salários inferiores ao valor do salário mínimo da média europeia; os doentes que esperam até à morte pela consulta ou intervenção cirúrgica são eles, indubitavelmente, os culpados de toda esta situação.
Foram eles que deram origem às insolvências bancárias, que determinaram injecções para salvar aquelas instituições de lucro, as quais o banco central não fiscalizou mas de que ninguém tem
culpa.
São eles os tentáculos do polvo em que “sucateiros” se limitam a oferecer caixas de robalos àqueles que lhes permitem negócios escuros.
São eles, segundo apregoam, os responsáveis pelas inqualificáveis nomeações de políticos para o mundo empresarial.
Enfim é toda esta gente, retirando, como é evidente, aqueles que recebem do erário público por nós alimentado, chorudos vencimentos, alcavalas e mordomias, que vão ser sacrificados, sem saberem o que é a crise, se ela existe e de onde nasceu tal como os juros da dívida pública, que são comandados pelo deus Mercúrio, e que sobem e descem como um espirro indominável, tudo isto reconduzindo-se a uma questão metafísica e a BEM DA NAÇÃO.
Mas acima de tudo isto, queremos deixar a toda a família Campista e Montanheira votos de umas Santas Festas (ler mais).
fcipriano
Gostei do editorial, mas... algo ficou esquecido:
- O Natal do FMI (ler mais)
- O novo Código Contributivo, mais um "PEC" ou mais uma artimanha para nos irem aos bolsos (ler mais)
- E... qual crise, são as futuras instalações do Banco Central Europeu (ler mais)
Apesar de tudo, um Bom Ano em 2011.
Carlos Alberto Santos